Por definição, suicídio é o ato de provocar a própria morte de maneira intencional. O suicídio tem como principais fatores de risco perturbações mentais e/ou psicológicas, a exemplo da depressão, abuso de drogas, perturbação bipolar, ou também pode ser provocado por atos impulsivos em decorrência do estresse, dificuldades financeiras, bullying ou problemas no relacionamento, dentre outras complicações.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa se suicida a cada 40 segundos. Embora a estimativa pareça alarmante, a OMS afirma que o número não representa a realidade, uma vez que há inúmeras tentativas e óbitos que não são de fato contabilizados como suicídio.
Não há um padrão ou diagnóstico único de identificação de um possível suicídio. No entanto, o fato é que ele pode ser prevenido, e esta não deve ser uma preocupação apenas de médicos e profissionais da saúde, mas sim de todos aqueles que possam vir a presenciar ou conviver com alguma pessoa que esteja precisando de cuidados. Na verdade, um indivíduo em sofrimento ou que esteja passando por uma crise suicida demonstra alguns sinais de alerta que podem ser identificados. Dessa forma, uma primeira atitude para auxiliar na prevenção de um possível autoextermínio é identificar estes sinais.
O primeiro é o surgimento ou agravamento de manifestações verbais ou problemas de conduta ao longo de um período de pelo menos duas semanas. Tais manifestações podem ser erroneamente interpretadas como chantagens emocionais ou ameaças, mas estão na verdade indicando a possibilidade de um risco real.
Outro sinal de alerta que pode ser apontado é a falta de esperança ou preocupação com a sua própria morte. Indivíduos que estão sob risco de suicídio costumam falar com mais frequência sobre morte e suicídio, e confessam sentir culpa, falta de esperança, têm visão negativa sobre a vida e o futuro e costumam apresentar baixa autoestima.
Um indício muito comum e facilmente percebido é o isolamento. As pessoas com tendência a cometerem suicídio não atendem telefonemas, interagem pouco nas redes sociais, evitam ou cancelam encontros e atividades com os amigos, mesmo aquelas que gostavam de fazer, e se isolam por completo, ficando fechadas em seus quartos.
Outro sinal de alerta que pode ser usado como indicativo de necessidade de agir em prevenção ao suicídio é a expressão de ideias e sentimentos pela pessoa. Preste atenção a comentários como: “Vou deixar vocês em paz”, “Só queria poder dormir e nunca mais acordar”, ou “Eu só quero me matar”. Afirmações semelhantes a essas jamais devem ser ignoradas.
Não existe método de suicídio predominante. Na verdade, esse é um dado que difere entre os países, mas os mais utilizados incluem envenenamento por pesticida, enforcamento e uso de arma de fogo. Nesse sentido, outra forma de prevenção do suicídio envolve a restrição ao livre acesso a armas de fogo e armas brancas, pesticidas e venenos em geral, medicamentos e drogas. A proibição de produtos perigosos à saúde humana, como pesticidas de alta letalidade, representa uma das medidas restritivas tomadas em países como o Sri Lanka, por exemplo, o qual já aponta uma taxa de redução do número de suicídios de 70%.
No caso de crises, é necessário que alguma forma de intervenção preventiva seja realizada. Algumas medidas envolvem a recomendação de acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, tratamento da toxicodependência, restrição do acesso à bebidas alcoólicas e drogas, monitoramento constante, mobilização de uma rede social de apoio com a participação da família, do parceiro e de amigos. Em casos mais graves, a instrução é de que o indivíduo seja internado em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
De acordo com especialistas, a abordagem psicológica é uma das medidas de prevenção mais utilizadas no combate ao suicídio. Essa abordagem considera o suicídio como um problema de saúde mental relacionado a fatores psicológicos diversos, como o impacto de transtornos mentais e a incapacidade em lidar com determinadas situações.
Caso você esteja diante de uma pessoa sob risco de suicídio, tome algumas atitudes que possam ao menos momentaneamente ajudá-la. Encontre um lugar calmo e escute suas dores e o que ela tem a dizer; ofereça seu total apoio e compreensão. Incentive-a a buscar auxílio médico profissional ou algum grupo de apoio especializado; se possível, esteja disposto a acompanhá-la durante uma sessão de atendimento. Por outro lado, caso você perceba que a pessoa está em perigo imediato, não deixa-a sozinha. Peça que ela indique alguém de sua própria confiança e entre em contato, ou procure por atendimento emergencial. Assegure-se de que a pessoa não tenha acesso a meios que possam provocar sua morte, como medicamentos e venenos.
Estimativas apontam que a maioria das pessoas que tem intenção de cometer suicídio falha na primeira tentativa e, muitas vezes, busca obter sucesso em um momento futuro. No caso de pessoas com histórico prévio de tentativa de tirar a própria vida, é mais importante ainda que a família, o parceiro e os amigos estejam sempre próximos e alertas, e tomem medidas preventivas que possam afastar a decisão de uma nova experiência.
Por decisão da OMS e da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial para Prevenção do Suicídio. A iniciativa surgiu como forma de conscientização visando disseminar informações adequadas e estimular ações de apoio que possam evitar o trágico desfecho do ato.
No Brasil, foi criada em 2015 a campanha Setembro Amarelo, que promove eventos destacando formas de prevenção do suicídio e ressalta a importância do debate a respeito do tema. Além disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um canal de atendimento nacional, voluntário e gratuito responsável por realizar o apoio emocional a todas as pessoas que queiram conversar. De fato, a abordagem do assunto de forma correta, humana e solidária é também considerada uma medida de prevenção contra o autoextermínio. O CVV garante total sigilo e está disponível pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), chat, e-mail, pessoalmente nos 120 postos de atendimento distribuídos no país e também pelo site www.cvv.org.br. Esse artigo também traz insights importantes sobre a vontade de se matar e como evitar o suicídio: http://outraverdade.com/vontade-de-se-matar/